quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Um pouco sobre a história do calçado!

Na sua história, o calçado apresentou-se das mais variadas maneiras e com os mais variados materiais. Inicialmente os primitivos protegiam os pés das intempéries, para não sentir frio ou calor e para caminhar com mais segurança. Mas nem sempre o calçado, desde sua origem, foi um objeto meramente funcional; o calçado carrega também valor simbólico, ornamental e opera na distinção social.

Há evidências que nos mostram que a história do calçado começa por volta de 10.000 do período paleolítico, até então os homens das cavernas, os sumérios, egípcios e hindus andavam descalços, criando assim uma proteção natural aos pés, mas alguns já envolviam algum tipo de couro animal para uma maior proteção. Foram encontradas pinturas em cavernas da Espanha e do sul da França que fazem referência ao calçado e nos hipogeus egípcios, que tem em média 6 e 7 mil anos, foram encontrados pinturas que representavam os diversos estados do preparo do couro e dos calçados, também foram encontrados entre os utensílios de pedra dos homens das cavernas, vários instrumentos que serviam para raspar as peles, o que indica que a arte de curtir é muito antiga.
As sandálias são a primeira forma de apresentação do calçado, tanto para os gregos, os romanos e os egípcios. Nesta época, os faraós usavam sandálias e o povo pés nus. Os materiais das sandálias eram feita de palha, folhas de papiro trançadas ou fibra de palmeira, com detalhes dos mais diversos, como fios de ouro ou outros metais.
Com o passar dos anos as técnicas artesanais de fabricação dos calçados evoluem, ficam mais refinadas e a forma das sandálias assume outra importância. Agora não somente por razões estéticas, mas também para indicar que o indivíduo pertencia a uma posição naquela sociedade.
Sandália de couro judia de 72 d. C.

Na Mesopotâmia foi onde surgiram os primeiros calçados mais confortáveis, eles eram sapatos de couro cru amarrados aos pés por tiras do mesmo material. Os Gregos foram os primeiros a lançar moda como a de modelos diferentes para pés direito e esquerdo. Em Roma o calçado indicava a classe social. Os cônsules usavam sapato branco, os senadores sapatos marrons presos por 4 fitas pretas de couro atadas a 2 nós e o calçado tradicional das legiões era a bota de cano curto que descobria os dedos, já para as mulheres eram destinadas as cores pastéis e ornamentos.
Podemos acreditar que a padronização da numeração é de origem inglesa, através do rei Eduardo (1272 – 1307).
A primeira referência conhecida da manufatura do calçado na Inglaterra é de 1642 quando Thomas Pendleton forneceu 4.000 pares de sapatos e 600 pares de botas para o exército. Em meados do século 19 começam a surgir às máquinas para auxiliar na confecção dos calçados, surgiram também novas técnicas para facilitar a produção que antes era muito mais artesanal, onde cada pessoa produzia um calçado do inicio ao fim. Vejamos algumas destas técnicas:
Primeiramente temos a criação e a modelagem, onde acontece a elaboração do modelo, escolha de materiais, criação da modelagem e confecção da peça piloto.
Depois do modelo aprovado, fichas técnicas, fichas de produção e custos prontos e calculados, os moldes são passados para o setor de corte, onde serão cortados cada parte do molde no material correspondente, como as peças que compõe o cabedal, o forro e a palmilha, algumas peças de metal são trazidas prontas dos fornecedores e os saltos também.
Após temos o momento da chanfração, que é o preparo do couro para receber a costura. A costura em si é a união das partes que compõe o cabedal.
Após o cabedal estar pronto, precisamos uni-lo ao solado, para tanto temos o setor de montagem, que se completa com o acabamento, onde são feitas as operações finais, ligadas a apresentação do calçado, como escovamento, pintura e limpeza. Depois de passar por todos estes setores o calçado esta pronto para ser embalado, encaixotado e enviado ao mercado.

Os modelos e materiais dos calçados no decorrer dos séculos vieram se aprimorando e abrindo a cada dia um leque maior de opções, afinal o sapato do século é fruto do design, a partir do século XX os materiais vieram modificando com velocidade, os materiais que antes eram naturais como couro, palha e fibras, agora esta cheio de PVC, PU, entre outros materiais sintéticos e até inteligentes. Acredito que em um futuro próximo poderemos encontrar um calçado para cada tipo de pé e personalidade, e caso não encontremos é só solicitarmos, que ele será fabricado em escala industrial, mas de maneira personalizada.

Entre a diversidade de modelos podemos destacar, bicos finos e alongados, largos, arredondados ou quadrados com finalizações dos tipos mais variados, irregulares, em triângulo e ou voltados para cima; com saltos das mais diferentes alturas e tipos, finos, grossos, arredondados, em forma de carretel, finos quando vistos pela lateral, plataformas e com acabamentos dos mais diversos, pintados, esculpidos, forrados em tecido, palha, couro e fabricados com diferentes matérias-primas, tais como: madeira, pvc transparente, acrílico, metal. Nos cabedais, aparecem tecidos de fibras naturais, materiais sintéticos desenvolvidos especialmente para a indústria calçadista, os couros de diferentes origens, dos tradicionais "vacuns", passando pelas pelicas, porco, cavalo, mestiços, e peles exóticas como o peixe, pés de galinha, peru, avestruz, lagartos, cobras, jacarés criados em cativeiro e até partes internas de animais, como pâncreas, intestino e por ai vai, isto tudo pode se apresentar com vários acabamentos e estampas, brilhos; somado aos enfeites e fechamentos que podem ser de metal , madeira, marfim, casca de coco, enfim, têm finalizações das mais diversas.
Nas sandálias as tiras são finas, largas; as botas, longas, curtas, vazadas, centenas de opções para amarrações. Os saltos também variam suas formas, alturas e materiais e todos convivem harmoniosamente. Podemos ver por exemplos looks bem definidos por décadas, look dos anos 40 por exemplo, com sapatos de bicos arredondados, plataformas, estilo brechó, os anos 50 com a referência aos scarpins salto 5,5 cm e botas de bico fino, revivemos também os anos 80, com os boots, botas pesadas, e os mocassins em cores.
O uso do salto foi criado para elevar a altura das mulheres, os primeiros saltos foram confeccionados em cortiça em forma de cunha, acompanhando o formato do arco do pé, elevando a altura apenas no calcanhar.
Na França, acontece um fato importante e particular, durante o reinado de Luiz XIV e de Luiz XVI: a introdução nos modelos de calçados masculinos de um salto mais alto e quadrado e também de fivelas e fartos ornamentos.
Nos anos 40 e 50, são as musas do cinema e a reconstrução da Europa pós-guerra os grandes incentivadores do consumo de moda. Nos calçados os bicos redondos, as plataformas em madeira recobertas de couro dominam. Surge nos anos 50 o famoso stiletto, sapatos de salto alto fino tipo agulha e junto aos bicos finos alongados deixam os calçados femininos muito delicados. Grandes nomes elaboram propostas para este tipo de calçado, surge o conceito de vestir o pé, alongar perna, o calçado se transforma em uma peça que continua, alonga as linhas da perna
Os anos 60, o período do "boom" econômico, são reconhecidos pelo grande e rápido desenvolvimento de estilos. saltos mais baixos e bicos arredondados. Neste momento é a cultura norte-americana a favorita da juventude, que difundem a "ballerina", famoso sapato baixo de bico arredondado. Os looks espaciais com a ascensão da NASA chega ao vestuário e os calçados adotam materiais "futuristas". Neste momento o mocassim preto inspirado nos estudantes de Oxford aparece e domina entre os jovens.
Com o surgimento da mini-saia pela inglesa Mary Quant, saias e vestidos curtos são apresentados com botas longas e justas. Os materiais evoluem e o conforto, a maciez, condições de impermeabilidade, transpiração, acabamentos e coloração notavelmente se destacam nas indústrias do setor.
Nos anos 90, o panorama estético é amplo. Acontece um "revival" dos anos 50, aparece um cidadão hippie ou folk, uma busca sensual nos sapatos em peles exóticas, a constante busca de originalidade, um certo gosto barroco, visão futurista e um refinado senso de exotismo.
Mas é o conflito entre a alta tecnologia e o artesanato que caracteriza os sapatos do século XXI, e é na mistura destes que acontecem o inusitado, surge o "sapatênis", uma versão híbrida do sapato em couro tradicional com o solado do tênis, garantindo conforto e status para os seus usuários. Impera a dinâmica industrial baseado na mistura de moda, marketing, alta tecnologia, design e mão de obra artesanal.